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segunda-feira, 6 de março de 2017

A “Ciência” das previsões de Teodora e o “milagre” da “geringonça”.


(Fonte do cartoon: Blog "Barbearia do senhor Luís")
 
O Conselho de Finanças Públicas (CFP) foi idealizado pelo governo do José Sócrates em 2010 sendo oficialmente criado já durante o governo de Passos Coelho, em 2011, pela Lei nº 54 de 19 de Outubro desse ano.

Foi a principal instituição a “credibilizar” as medidas de austeridade impostas pala troika e executadas, para “além dela”, pelo anterior governo.

Muitas das suas funções  e objectivos são idênticos e duplicam as do Tribunal de Contas (TC), não se percebendo a sua criação, a não ser para retirar poder a uma instituição prestigiada e verdadeiramente independente como esse tribunal, na altura liderada por uma figura prestigiada como Guilherme de Oliveira Martins, que não dava garantias de legitimar e aprovar todas as medidas impostas pela troika.

O CFP, pago pelo Orçamento de Estado, garantia igualmente privilégios aos seus dirigentes que escapavam às medidas de austeridade que eles próprios preconizavam e  apoiavam “cientificamente” ,  garantindo uma longevidade nos cargos, de sete anos para a sua direcção, que ultrapassava tudo o que era cargo legitimado democraticamente.

Pouco se ouviu falar dessa instituição ao longo dos anos de austeridade, a não ser pela presença de alguns dos seus funcionários em “universidades” de Verão dos partidos da coligação de direita.

Foi com a chegada de um governo de esquerda ao poder que aquela instituição se tornou mais visível, como uma espécie de “braço armado” do “coelhismo”, assumindo posições publicas que muito extravasavam a sua competência legal.

A sua principal função foi desacreditar, junto da instituições europeias e dos “mercados”, as medidas que o governo da “geringonça” procurava tomar para reverter o descalabro económico e social provocado pela austeridade “troikista”.

Como recordava Francisco Louçã (in Público de 4 de Março de 2017) , Teodora Cardoso, nomeada por Passos Coelho para presidir ao CFP em 2011, funções que estatutariamente têm a duração de sete (!!!) anos, desde logo foi a principal defensora da “estratégia de cortes estruturais com a troika, chegando a declarar que o programa do PSD-CDS era “prudente, credível e fundado na melhor e mais sofisticada ciência económica” e que por isso a sua ideologia, a “racionalidade”, a levava a saudar estas medidas “científicas””.

Ao longo do último ano ouvimos várias vezes a dita senhora debitar várias opiniões e lançar várias previsões económicas e financeiras, baseadas na tal “cientificidade” das previsões, opiniões essas que nos custaram graves consequências em juros e em desconfianças dos “mercado”, mas as quais, todas elas, quando puderam ser confrontadas com a realidade, se revelaram falsas e erradas.

Onde o CFP contestava a previsão do governo para 2016 de um crescimento do PIB de 1,8%, defendendo um máximo de 1,7% (!!!!), a realidade revelou-se muito mais positiva, pois, segundo o INE, tivemos um crescimento de 2% no PIB.

Onde o mesmo CFP via uma taxa de desemprego “optimista” por parte do governo, para 2016, de 11,4% , e defendia que ela se ficaria por 11,6% , a realidade trocou mais uma vez as voltas àquela instituição, ficando-se nos 10,5%.

Se é já de si ridículo discutir diferenças de décimos, como grandes “erros” de previsão da geringonça  em relação aos da CFP, mais grave foi a constante tentativa de descredibilizar o grande feito deste governo que foi o de ter baixado o deficit orçamenta para 2,1% ,abaixo mesmo das previsões mais optimistas , atribuindo-as a um “milagre”.

Ou seja, os defensores da cientificidade das suas previsões, todas erradas, vêm, na realidade que as desmente, um mero milagre!!!

A resposta à altura foi dada pelo presidente da República: “Milagres este ano em Portugal só vamos celebrar um que é o de Fátima para os crentes, como é o meu caso, tudo o resto não é milagre. Saiu do pelo e do trabalho dos portugueses desde 2011/2012”.

Com tanto erro de previsão, parece-nos que a única saída ética para a actual direcção do CFP  só pode passar pelo seu pedido de demissão.

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